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Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (análise SEM spoilers)

“Eu acho que machuquei alguém”. Essa foi a frase dita por Arne Cheyenne Johnson no trailer divulgado pela Warner. Arnie, um jovem com o olhar apavorado, se vira para o policial com as mãos e a camisa totalmente ensanguentados. E esse é o começo do trailer de uma das franquias mais bem-sucedidas de terror da atualidade: Invocação do Mal.

Arne Cheynne Johnson, vivido pelo ator irlândes Ruairi O’Connor

Após quase 8 anos de lançamento do primeiro filme, que rendeu uma continuação e 5 spin-offs, Invocação do Mal volta com o terceiro longa da série original, e um subtítulo bem instigante: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio. Eu havia feito um post sobre as curiosidades desse filme nesse link aqui.

O filme, que estreou nas telonas no dia 04 de junho, já se tornou a bilheteria de maior lucro desde o início da pandemia, arrecadando cerca de 8,4 milhões de dólares.

Elijah Everett, Vera Farmiga e Patrick Wilson em cena

A história de Invocação 3

A trama, baseada em fatos, narra a história do primeiro caso de assassinato nos Estados Unidos em que o réu disse estar possuído por uma entidade demoníaca ao cometer o crime. Arne Cheyenne Johnson, que morava com a noiva e seu irmão caçula, David Glatzel, tentou salvar o garoto, de apenas 11 anos, quando ele era possuído por uma entidade demoníaca. Desesperado ao ver o garoto se contorcer, Arne pediu para que a entidade o possuísse naquele momento. David tem então uma melhora abrupta, mas Arne se sente estranho. Pouco tempo depois, enquanto estava com a noiva e o dono do canil em que ela trabalhava, Arne teve alucinações frenéticas que o fizeram assassinar o homem a facadas.

Arne Cheyenne Jhonson em Invocação do Mal 3

Arnie é então mandado para a prisão e cabe ao casal Warren juntamente com sua advogada, conseguirem provas suficientes para salvá-lo da pena de morte.

O caso real de Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Em 16 de fevereiro de 1981, Arne Cheyenne Johnson assassinou a facadas Alan Bono, o senhorio da casa em que vivia com a noiva e o irmão mais novo dela, David Glatzel, de 11 anos. Alan, que também era o proprietário do canil em que a noiva de Arne trabalhava, esteve em uma discussão com o rapaz, que no momento tinha apenas 19 anos. É então que Arne puxa um canivete do bolso e usa contra o homem repetidas vezes. Alan Bono morreu poucas horas depois.

Arne disse não se lembrar do que fizera, e a família – em especial sua noiva Deborah Glatzel – afirmou que o rapaz nunca cometeria tal crime e que ele estava de fato sob o controle de alguma entidade sobrenatural. Deborah conta que, pouco antes da tragédia, seu irmão mais novo, David, sofria de supostas possessões demoníacas e que, ao tentar ajudar o garoto, Arne teria trago a entidade para si próprio.

matéria lançada na época conta o caso inédito de Arne

É então que entra o casal Warren e uma série de investigações tanto parapsicológicas quanto criminais: os Warren acreditam na inocência do rapaz e buscam informações que possam comprovar o caso. Enquanto isso o caso começa a ser apelidado pela mídia de The Devil Made me do it (o qual leva o subtítulo do filme).

No caso real, a defesa não consegue comprovar qualquer fenômeno sobrenatural e Arne Cheyenne Johnson é condenado de 10 a 20 anos de prisão, cumprindo 5 anos em regime fechado.

Invocação do Mal 3: Conheça o Caso Arne Cheyenne Johnson | DarkBlog |  DarkSide Books

Arne Cheyenne Johnson no dia do julgamento

Invocação do Mal 3 é Assustadoramente bom OU Ruim?

Quando James Wan deu origem a franquia, lá em 2013, Invocação do Mal trouxe popularidade a uma trama de terror bem batida: a de casas amaldiçoadas. Pode tentar contar quantas vezes já viu filmes com essa temática por aí. Ainda sim, Wan com o ótimo roteiro de Chad e Carey W. Hayes, conseguiu dar um novo fôlego ao tema e, mesclando ainda uma subtrama de possessão demoníaca bem construída e totalmente verossímil, fez do longa uma marca de sucesso.

Vera Farmiga em Invocação do Mal (2013)

A química perfeita entre os personagens Ed e Lorraine, graças ao carisma e o talento de Patrick Wilson e Vera Farmiga foi outro ponto majestoso de consolidação da franquia: uma dupla que logo se descobriu formidável entre as cenas, criando um laço de total envolvimento com os fãs. Não foi difícil pensar em uma continuação e logo se via um séquito de fãs atrás do casal que, apesar de servir como âncora para as investigações sobrenaturais se transformou nos verdadeiros personagens principais da trama, sendo indispensáveis para o sucesso delas.

Conjuring 3 release date: What time is The Devil Made Me Do It on HBO Max?

Patrick Wilson e Vera Farmiga em Invocação do Mal 3

Outro elemento crucial foram as histórias baseadas em fatos. Para criar aquele temor irresistível e extremamente atraente de que algo ali nas telas havia de fato existido: e conseguir mesclar aí documentos das histórias reais para ilustrar a veracidade.

Mas, além disso, havia um tato para desenvolver as cenas e deixa-las num ritmo que crescia ao longo das situações: e particularmente cito o primeiro filme da franquia – O Invocação 1 – como um grande exemplo da história que, aos poucos, vai tomando forma, enriquecendo os personagens e nos deixando com uma sensação de tensão e expectativa.

Já o terceiro lançamento da série tem um ritmo mais frenético que os anteriores (mesmo que Invocação do Mal 2 tenha iniciado esse processo). Ele é apoteótico e poderoso, com cenas grandiosas, cheias de recursos digitais e boas doses de ação. Muita ação.

A história já demonstra um ritmo acelerado e de certo modo agressivo logo na primeira cena, e as referências claras ao filme O Exorcista – como a mostrada no próprio trailer – são apenas referências jogadas ao acaso, como uma homenagem solta.

A trama se desenvolve bem, e a duração do filme não incomoda ou o torna enfadonho: é algo necessário para apresentar uma trama complexa e cheia de detalhes.

Vera Farmiga e Patrick Wilson estão novamente incríveis nos papeis de destaque, com a mesma química e envolvimento dos outros longas. Mas o destaque vai para Patrick, que consegue entregar uma excelente interpretação dentro do que o roteiro propõe e exige dele: uma participação muito maior e mais importante do que nas tramas anteriores. Outro destaque de interpretação vai para Ruairi O’Connor, o jovem Arne Cheyenne Johnson, que consegue desenvolver um personagem assustado e totalmente acuado diante da situação, ao mesmo tempo que exibe uma bondade genuína.

Contudo, por mais que o filme seja tecnicamente correto e entregue o que prometeu, falta aquela característica sutileza que marca os bons filmes de terror: a criação de uma atmosfera assustadora, de situações subtendidas que aticem a imaginação e nos deixem atentos, e um nível de tensão que vai crescendo ao longo da história até explodir no final. Infelizmente esses pontos não existem em A Ordem do Demônio.

A direção de Michael Chaves (que dirigiu A Maldição da Chorona), é exagerada demais e perde a mão em alguns momentos. A fotografia segue pelo mesmo caminho, apresentando cores muito vibrantes para retratar momentos de ameaça – especialmente tons vermelhos – o que acaba tirando o tom de mistério que deveria preceder a essas situações, e deixando as cenas quase psicodélicas. O resultado é um filme agitado, confuso e um pouco cansativo em determinados momentos.

Felizmente os jumpscares não são usados com frequência e acabam não incomodando nas cenas aplicadas: eles se tornaram parte característica de toda a franquia e acabam cumprindo seu papel de forma justa. Nem demais, nem de menos.

Um bom ponto de destaque é a trilha sonora composta novamente por Joseph Bishara (que compôs os dois longas anteriores): profunda, tensa e envolvente… um caimento perfeito, que teria ainda mais ênfase se a direção acompanhasse seu ritmo de evolução.

Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio é um filme intenso, com sua trama extensa e detalhada. Emociona, diverte e entretém. Os personagens nos cativam e ao longo do filme estamos buscando por respostas, o que nos deixa atentos e presos a história que se desenvolve… Mas, ao criar uma atmosfera agitada, frenética e exposta demais acaba se perdendo do gênero de terror e se tornando um filme sem enquadramento correto.

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