Ninguém viu esse filme chegando e ninguém esperava que ele fosse tão bom! Estamos falando de NOBODY, filme dirigido pelo cineasta russo Ilya Naishuller (Hardcore: Missão Extrema) e roteiro de Derek Kolstad (John Wick). Essas informações são muito importantes, guarde elas.
O filme começa com uma linha temporal bagunçada com o Hutch do presente com atitudes que ninguém entende, sugerindo que o filme vai nos explicar exatamente como ele chegou ali.
Hutch é realmente “ninguém” e todos os trocadilhos possíveis com essa palavra são explorados. Infelizmente a tradução do nome do filme para português nos tirou isso pois aqui ele recebeu o nome de “Anônimo”.
Hutch é uma pessoa com caráter, valores, um ex-combatente de guerra. É um pai que ama a sua família, é um bom irmão (RZA) e um filho exemplar para o pai (Christopher Lloyd) que está no asilo – e que conhece todos os fantasmas que Hutch esconde dentro do armário.
Ele é aquele “ninguém” que vive uma rotina exaustiva e entediante, casado com uma esposa (Connie Nielsen) bem sucedida que reflete na sua auto estima e no fracasso dele com o emprego atual. A esposa vai para o trabalho com carro, ele precisa pegar ônibus. A esposa tem uma agenda apertada, ele tem tempo para cozinhar o café da manhã para os filhos embora sempre esqueça de colocar o lixo para fora.
A feição “triste” e “séria” de Bob Odenkirk (Better Call Saul, The Post, Breaking Bad) é a cereja do bolo. O ator reforça aqui a sua versatilidade ao interpretar qualquer tipo de personagem em qualquer circunstância em que se encontra. Você verá aqui um Odenkirk que nunca viu antes.
Lembra do roteirista que mencionei lá no início? Bem, aqui ele repete a fórmula que tem dado muito certo para John Wick: um protagonista que vive sua vida calma e triste até que é perturbado por um evento bem específico – e, aos olhos de alguns, um gatilho bem simples. Daí a narrativa vai se desenvolvendo e conectando pontos ao mesmo tempo que as convicções do protagonista vão sendo reforçadas e a ação “come solta”.
Mas há um elemento novo aqui: Hutch tem um certo sadismo, um prazer em colocar um pouco de ação em sua vida. Ele chega a pedir à Deus para que coloque em seu caminho pessoas de caráter duvidoso só para que ele precise usar toda a sua raiva canalizada.
Lembra do diretor russo que mencionei lá no início? Esse fator foi importante – e talvez até influente – para que muitos dos problemas enfrentados por Hutch venham da máfia russa. A máfia, aqui, não está necessariamente envolvida com coisas escandalosas: existe uma motivação “altruísta” e uma perspectiva humanizada do principal vilão interpretado pelo ator russo Alexei Walerjewitsch Serebrjakow.
É um filme muito agradável para assistir e fiquei apaixonada, tal como sou por John Wick. O Tio Ali me recomendou esse filme usando unicamente essas palavras “é do mesmo roteirista de John Wick” e bastou isso para que eu respondesse “Say no more” e já procurasse o filme. Ok, isso torna minha crítica extremamente parcial mas sinceramente, o filme é bom mesmo e as pessoas deveriam estar falando MAIS DELE.
Ah, o elemento “pet” também está aqui mas dessa vez nenhum animalzinho precisou morrer para justificar a violência de Hutch.
O filme estreou no streaming UWatch dia 15/04 (olá VPN) e chegará aos cinemas, ao que tudo indica, dia 21/05 (essa data pode ser alterada).
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