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Halloween – Crítica

Poderia ser mais uma noite de Halloween estadunidense. Abóboras, crianças, doces… Ou travessuras. Poderia ser apenas uma noite de celebração comum senão fosse pelo fato de que um dos serial killers mais assustadores da história está a solta novamente! Oh, mas espere! Antes de sair correndo vamos ascender as velinhas e cantar parabéns para ele! Não, caro leitor, não saia correndo assim! Ele merece um abraço apertado – nem que seja a última coisa que você faça em sua vida – pois Michael Myers faz 40 anos de puro sucesso!

40 anos após o massacre de 1978, Michael (Nick Castle) está preso em um manicômio, demonstrando um comportamento aparentemente “dócil”. Ele será transferido em breve para uma instituição de segurança máxima, mesmo contra a opinião de seu psiquiatra que acredita ser ele uma criatura indefesa e totalmente silenciosa. Abordado por uma dupla de jornalistas que insistem em escrever uma obra sobre sua história, Michael se mostra impassível mesmo após ser confrontado por um dos jornalistas que lhe mostra a máscara que outrora fora sua companheira em tantos assassinatos brutais. Uma vã tentativa de atiçar nele a antiga personalidade assassina.

40 anos transformaram Laura Strode (Jamie Lee Curtis), em uma sombra do que fora antes do primeiro confronto com Michael. Em um relacionamento conturbado com a filha, distante da neta e completamente sozinha, ela transforma sua casa em um verdadeiro forte de guerra, e vive ali, entre armadilhas e espingardas sempre espreitando o retorno do serial killer que só deixou marcas em sua vida.

Então algo acontece.

Na véspera da noite de Halloween, enquanto fazem a transferência de Michael Myers e outros detentos, o assassino consegue fugir durante a viagem de ônibus, deixando um rastro de corpos, sangue e mutilações.

E é aí que a viagem no tempo acontece, quando um Michael velho, mas igualmente insano, retoma sua antiga forma ao vestir a usual roupa de mecânico e colocar sua assustadora máscara branca.

Já paramentado, andando calmamente na fatídica noite de Halloween entre crianças e jovens fantasiados, ele inicia seu banho de sangue: matando sem piedade ou pudor, com sua característica brutalidade e frieza, em busca do seu passado e de acertar as contas com sua querida Laura.

O que achei do filme?

Aperte o cinto e se prepare para voltar ao final dos anos 70, onde tudo começou. Halloween trás consigo um cheirinho gostoso de passado, criando uma atmosfera totalmente vintage sem precisar recorrer a nenhum efeito mirabolante.

Dirigida por David Gordon Green (Segurando as Pontas) com os pés no chão, o filme não tem nenhuma intenção de inovar ou fazer algo inesperado, ele mergulha na era dos serial killers apenas explorando o estilo slasher de filmes desta categoria: abusando dos clichês e das características fundamentais que os tornam inesquecíveis.

É uma história simples e quase fraca, mas feita exatamente com este objetivo: não há pretensões em ser algo profundo ou sombrio, apenas refletir um universo simplório de situações brutais e bizarras, aos moldes presentes em filmes deste tema.

É importante dizer que o primeiro longa feito em 1978, foi uma obra prima do cinema independente que marcou a história do gênero de terror. E, mais que isso, foi influência para outras franquias, como Sexta-Feira 13.

O filme de 2018 que recebe mesmo nome mas sem nenhum complemento no título, parece homenagear a obra inicial. Com referências explícitas que farão qualquer fã da série se arrepiar (como uma referência presente nas cenas finais), o longa utiliza os mesmos parâmetros e situações do antecessor, apenas para brindar o expectador com algo clássico, porém atual.

E, acima de tudo, está a brilhante trilha sonora, criada pelo próprio John Carpenter, o então iniciante que dirigiu brilhantemente o primeiro longa. A famosa trilha parece invadir a cena como um tapete vermelho sinistro para apresentar a figura psicopata de Michael Myers sempre que ele aparece. De perder o fôlego.

Mas, o filme é bom?

Fãs do gênero de terror irão vibrar e terão uma noite de pura diversão enquanto festejam a volta do sanguinário gigante assassino. As características presentes no longa são uma abordagem coesa e despretensiosa que ganha pela honestidade e por ser tão simples no modo de mostrar o horror.

Até mesmo o roteiro de certo modo “bobo” que aborda adolescentes e festas de Halloween da puberdade estão em perfeita sincronia com os filmes antigos do gênero slasher. As cenas que compõe a matança desenfreada são uma forma irônica de mostrar como as outras nove continuações de Halloween deveriam ser mas nunca conseguiram: uma história de terror sobre um serial killer que ataca jovens indefesos e moças virgens sem motivos aparentes. E só.

Halloween chega aos cinemas para mostrar que o dia 31 de outubro ainda pode ser uma data assustadora, inesperada e bizarra como sempre deveria ser.


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