Talvez para quem tenha menos de 25 anos, muita coisa mostrada nessa série vai trazer informações interessantes e nunca vistas antes.
Para quem tem mais que isso, GDLK vai além: é uma série nostálgica que remete a momentos que marcaram uma geração de pessoas no mundo inteiro.
E o que é GDLK? Não tem uma tradução literal do que isso signifique mas, parece, como “god like” ou “como se fosse deus”.
Lá fora a série foi chamada de High Score mas aqui, por razões que não consegui saber, recebeu o nome de GDLK. A série é focada nos criadores, em mostrar como grandes títulos foram pensados ou como chegou-se até eles, seja pela tecnologia, seja pela ideia mesmo. Tem entrevistas com John Romero (Doom, Wolfstein), Trip Hawkings (fundador da EA Games) e Hirokazu Yasuhara (criação dos cenários de Sonic).
A voz que narra tudo é de Charles Martinet (a voz oficial do Mario) e possui seis episódios com 43 minutos cada.
Sem entregar spoilers, vamos mostrar alguns motivos para vocês maratonarem GDLK numa “sentada” só!
1. Os primórdios dos jogos para console
A série tem uma ordem cronológica, de certa forma, e começa explicando como os jogos passaram a ser vistos com um grande potencial de investimento, que nos anos 70 levou ao surgimento do Channel F (por Jerry Lawson), que logo depois foi esquecido com o lançamento do Atari 2600. O reinado dessa empresa não durou muito: pouco tempo depois viria a ser desbancada por empresas que começaram a investir em novas formas de melhorar a experiência de jogo, a Nintendo e a SEGA.
2. O “pai” dos cartuchos
Jerry Lawson não só era um gênio e um dos poucos afro-americanos na indústria de jogos nos anos 70, mas foi o criador do CARTUCHO (o que talvez você seja novo demais para saber o que é), além de outras coisas muito importantes que ele fez para a indústria.
Mas existe outra invenção de Lawson que você provavelmente é grato até hoje: o PAUSE.
3. Nintendo e a genialidade de Shigeru Miyamoto
Não tem como falar mal dessa empresa. Criando jogos desde muito tempo (o documentário fala do primeiro baralho deles do século retrasado) a Nintendo teve um papel muito importante nos games e por trazer a magia para todos nós. Super Mario World foi o primeiro jogo que tive acesso e era um “evento”: era reunir os irmãos e vizinhos para, juntos, zerarmos o jogo.
São diversas histórias curiosas sobre como Miyamoto e, não é para menos: o cara idealizou Mario, Bowser, Kirby, Zelda, Metroid, Donkey Kong e Starfox e muito mais! O cara é uma figura muito importante para a cultura pop do Japão (talvez a mais importante).
O The Enemy tem um vídeo bem bacana sobre o legado cultural desse gênio. Clica aqui pra assistir!
4. Kirby: o advogado
Uma história bem bonitinha está relacionada com o personagem KIRBY, aquela bolinha rosa da Nintendo. O advogado John Kirby foi contratado para defender a empresa num caso em que a Universal alegava que o Kong era um plágio do King Kong. O caso foi histórico e como homenagem ao advogado, criaram o Kirby <3
5. Playing like a woman
O seriado menciona algumas mulheres que tiveram um papel muito importante na indústria de jogos.
Gail Tilden foi a pessoa responsável por levar Mario para o “mundo” (ela levou para os Estados Unidos e foi a partir daí que a Nintendo ficou mundialmente conhecida).
Roberta Williams criou o primeiro RPG para computador e seu marido, programador, foi responsável trazer esse sonho para a realidade. É uma das mais respeitadas game designers do mundo e a jogadora feminina mais influente de sua geração.
Recebba Heineman, programadora e designer de jogos, foi a primeira pessoa a vencer um campeonato nacional de Space Invaders nos EUA. O episódio em que ela aparece é especialmente emocionante porque ela explica o que os games representam para muitos de nós: uma forma de escape, uma imersão em outro mundo para esquecer os problemas do “mundo real”.
Faltou muito nome importante aqui, assim como faltou em outras categorias mas … vida que segue.
6. A estratégia de marketing da SEGA para concorrer com a NINTENDO
No início dos anos 90 a Nintendo tinha praticamente monopólio do mercado mundial de games e muitas empresas tentaram abocanhar uma fatia dessa indústria tão rentável. A SEGA tinha o projeto do Genesis mas precisava criar um concorrente à altura do encanador mais carismático do mundo: o Mario. É uma “aula” bem divertida sobre estratégias de marketing não-agressivo, com estratégias arriscadas que deram muito certo pro Sonic.
7. A crianção de jogos 3D, FPS e do deathmatch
John Romero e Adrian Carmack foram as jovens e ousadas mentes por trás de entender os jogos que existiam até então e conseguir criar algo novo e escalável a partir disso. Primeiro, Wolfestein e depois, DOOM.
Starfox estava em desenvolvimento pela Nintendo pelos programadores Dylan Cuthbert e Giles Goddard e foi lançado no mesmo ano, mas DOOM teve sua importância por dar maior liberdade ao jogador, por permitir partidas entre jogadores em computadores diferentes (1×1) e por permitir a personalização inteira do jogo pelos jogadores.
Eu sou o tipo de idosa que jogou Wolfestein e Doom 2 no computador, esse último de uma amostra grátis que a ID Software distribuiu. Como uma grande fã da violência apresentada em Mortal Kombat, Doom 2 veio como uma surpresa boa e assustadora e era exatamente essa a ideia.
8. O nascimento dos e-sports
Tá achando que e-sports veio só agora com o boom de DOTA, League of Legends ou Counter Strike? Lá no início dos anos 90 os campeonatos nacionais e internacionais de jogos já eram estratégias das empresas para inserir seus consoles e jogos no mercado e FUNCIONOU muito bem! Rolou o Nintendo World Championship, em 1990, o campeonato de Street Fighter II Turbo em 1993 e em 1994 o campeonato mundial que a SEGA usou para promover Sonic.
Falar mais que isso é dar spoiler demais e vamos evitar isso para não tirar a sua vontade de ir lá assistir.
GDLK não é um documentário, por assim dizer e algumas correlações feitas para explicar paralelamente a história de jogos e consoles às vezes é um pouco forçada. Existem recortes nas narrativas que foram em uma ou outra pessoa que marcou a indústria de jogos (mesmo que essa pessoa não tenha chegado sozinha em nenhum lugar) e muitos nomes não são nem mencionados. Isso é um detalhe importante para entender porque isso não é um documentário e sim, uma mini-série bem feita, com um ritmo dinâmico de narrativa e extremamente divertida!
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