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Crítica | Renfield: dando o sangue pelo chefe

Dirigido por Chris McKay (autor do roteiro incrível de D&D), o filme traz uma série de referências clássicas de filmes de vampiro e conta uma história autêntica e divertida, navegando por clichês sem perder a sua originalidade. Confira:


O trailer diz o essencial da história e desperta curiosidade: um ajudante Renfield (Nicolas Hoult) do Drácula (Nicolas Cage) está indo num grupo de apoio em busca de ajuda para sair de um relacionamento tóxico com seu chefe. Nessa relação de servidão que durou quase um século, Renfield é obrigado a conseguir presas para Drácula e a seguir todas as suas ordens.

Apesar do motivo que o levou ao grupo de ajuda ser totalmente questionável, Renfield descobre ali um propósito: é possível sair da relação de co-dependência do chefe mais narcisista do mundo. Como? O trailer também responde, mas a magia está na forma com que isso vai acontecer no filme.

Uma comédia? Horror? Romance?

Há quem diga que o filme se perde entre esses gêneros, o que eu acho um apontamento injusto. O foco é em como o protagonista vai lidar com sua maior dificuldade, e por isso faz sentido todas as coisas mundanas que ele tem contato e que o fazem valorizar aquilo que é diferente da vida que ele leva.

Primeiro, a relação abusiva e as formas de tentar buscar ajuda (quando até então nem Renfield sabia que poderia ser ajudado). Ele não chega simplesmente no grupo e pede socorro. Existe todo um processo de escutar o problema dos outros, ter empatia e se identificar. A forma com que nosso pobre protagonista vai ligando os pontos é hilária.

Segundo, a descoberta de uma nova vida. Renfield está desolado com a difícil tarefa de arrumar vítimas inocentes para seu insaciável chefe. Nisso ele conhece a valente policial Rebecca Quincy (Awkwafina), que desperta nele uma coragem que ele nunca teve antes. Isso dá margem para outras sacadas sensacionais, como a “terapia de cores” e o apartamento.

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Renfield não quer mudar de vida por (parecer) estar apaixonado – e por isso o filme não é confuso e nem se identifica como comédia romântica. O processo de transformação dele está sendo construído desde a primeira cena do filme, e ele mudar para uma casa nova, comprar roupas de cama coloridas e aprender a cozinhar é uma forma dele buscar sua verdadeira identidade longe da relação de abuso e tentar descobrir quem ele realmente é.

Terceiro e não menos importante, o horror dos clássicos filmes de vampiro está o tempo todo ali. Muito sangue, corpos mutilados, Drácula cruel e uma matança injustificada compõe cada cena da história para mostrar que no meio de tantos absurdos, ainda existe um vampiro à solta na cidade.

As referências

Para qualquer fã de filmes vampirescos, Renfield é um prato cheio de referências e homenagens, além de ser fortemente inspirado na obra de Bram Stocker. Vamos citar algumas.

Renfield é um personagem fictício que apareceu no Drácula de Bram Stoker (1897). Ele é um homem louco (que está internado em um manicômio), um servo e um “familiar” que ajuda Drácula a transformar Mina Harker, em troca do suprimento de insetos que ele consome e da promessa de imortalidade. Nas telonas, foi vivido por vários atores, como Alexander Granach em Nosferatu (1922) e Tom Waits em Drácula de Bram Stoker (1992).

Inclusive, a aparência do Drácula de Nicolas Cage, em vários momentos do filme, lembra muito o clássico Nosferatu. Até alguns trejeitos e a forma com que reage ao contato com o sol.

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Uma das homenagens mais carinhosas é feita a Bela Lugosi, o Drácula mais clássico de todos os tempos. Estrela do filme de 1931, Drácula e o advogado Renfield se conhecem no acerto de um contrato de aluguel de uma propriedade em Londres. O Conde deixa Renfield inconsciente, o hipotiza e acaba transformando-o em seu servo.

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Sem dúvida, Nicolas Cage rouba as cenas com seu carisma e seu grande conforto no papel. Com uma releitura interessante do personagem, uma performance demoníaca e algumas sacadas que lembram muito O que fazemos nas sombras (Taika Waititi), o filme inova ao trazer uma mistura de tudo isso e ainda aliar comédia e horror na medida certa.

Vale a pena?

Sim, vale. Certamente é um dos lançamentos mais divertidos do ano.

Não dá para dizer que é um filme para toda a família – por conta da classificação indicativa é para maiores de idade – mas dificilmente esse filme não vai divertir um grande número de pessoas. 

É um filme que já te pega pelo riso logo na divulgação. Esperar enredos bem elaborados e uma história profunda é realmente desviar totalmente do que o filme se propõe a ser, que é um filme de comédia bom, para te divertir por algumas horas.

Nota: 09/10

Ficha Técnica

  1. Lançamento: 27/04 (cinemas brasileiros)

  2. Gênero: comédia, fantasia, horror

  3. Duração: 95 minutos

  4. Classificação indicativa: 18 anos

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